A Invenção da Amazônia
A Invenção da Amazônia. Se a América foi inventada por um sonho expansionista europeu, a Amazônia podia constituir, talvez mais que em qualquer outro lugar do mundo, como continuidade desse devaneio.
Do século XVI ao XIX, a região foi literalmente invadida pelo homem europeu.
Gondim afirma que “a Amazônia foi uma invenção”, pois a Amazônia não foi descoberta, esse termo só foi intitulado com a chegada dos portugueses.
Como se pode descobrir algo que já existe há centenas de anos?
Souza afirma “que quando os europeus chegaram ao século XVI, a Amazônia era habitada por um conjunto de sociedades hierarquizadas”. Ou seja, a partir dessa afirmação, vale ressaltar que a Amazônia brasileira já existia antes da chegada dos colonizadores.
A invenção da Amazônia se deu a partir dos relatos de viagens escritos pelos viajantes, missionários, etc. No livro A invenção da Amazônia (2007), de Neide Gondim, temos um painel dos primeiros viajantes cronistas, como também dos ficcionistas, que escreveram sobre aquela região até o século XX. A grande maioria desses aventureiros deixa o seu registro de entusiasmo, preconceito e fantasias. Essas viagens acendem o imaginário do homem europeu, pois estes sonhavam com o “paraíso e a fonte da eterna juventude”.
O paraíso aí se funda como o reino das possibilidades. Para Colombo e os outros navegadores que o seguiram, o Oriente seria a fonte para todo um imaginário fabuloso (Gondim, 2007). O impacto disso é tão forte no Ocidente que vamos encontrar essa associação ainda no século XVII, quando viajantes, por exemplo, procuravam o desconhecido e o fantástico na Amazônia.
A invenção da Amazônia se deu a partir de ideologias desde a escritura bíblica, fazendo um percurso pela Idade Média até os nossos dias. Acreditava-se que existia aqui na terra um paraíso, igual o descrito na Bíblia, que era o jardim do Éden, onde habitava Adão e Eva. Muitas foram às ideologias disseminadas e que acenderam o imaginário do homem europeu, pois este acreditava que esse “Paraíso ou El – dourado” existia e era uma cidade coberta de ouro e que possuía um rio onde suas águas conservassem a juventude eterna.
Cada imaginário se preenche com os limites de sua própria ansiedade. Ao tentar conquistar o desconhecido compreende-se uma oportunidade de domar o seu próprio imaginário. Mais uma vez, o detonador dessa aventura é uma especiaria. Ouvia-se falar muito no país da Canela; as mulheres guerreiras surgem como um misto de idealidade e sugestividade ao ambiente. Elas dão o toque feminino de medo do desconhecido. A relação com o mito grego das Amazonas obedece, portanto, a uma estratégia de nomeação.
Percebe-se que A Invenção da Amazônia se dá a partir das construções ideológica de um território, que é parte de um conjunto de mitos e fabulações que os europeus inventaram a América. Nesse caso, se a América foi inventada e não descoberta o que nos resta é simplesmente dar continuação a essa invenção, pois o próprio texto não nos mostra uma busca pela verdade e continua a falar em invenção.