Revolução dos Cravos 1974-1975
A Revolução dos Cravos Revolução / Portuguesa de 1974-1975 pôs fim a 48 anos de regime fascista de Antônio Salazar, inaugurando o período democrático da história política do país.
Mas esta democracia foi conquistada depois de um intenso processo de lutas sociais conduzido pelos trabalhadores das fábricas, dos campos e dos bairros pobres das cidades.
O golpe realizado em 25 de Abril de 1975 pelo Movimento das Forças Armadas (MFA) abriu possibilidades de expressão prática de reivindicações que há muitos anos eram contidas pela repressão salazarista.
A retirada de Marcelo Caetano do poder e o início dos Governos Provisórios abriram possibilidades de organização aos trabalhadores, o que acabou gerando um forte movimento autônomo.
A principal característica foi a constituição de Comissões para organizar a apresentação das reivindicações aos patrões e, posteriormente, com a fuga de muitos deles para fora do país ou mesmo com o fechamento das fábricas, os trabalhadores passaram a gerir através dessas comissões a produção nas empresas.
Com a autogestão ou mesmo com o controle operário da produção, os trabalhadores puderam manter a produção industrial em período de grave crise econômica.
No campo ocorreu movimento semelhante, principalmente no Sul do país, uma área de grandes latifúndios que viu os trabalhadores assalariados ocuparem as terras para realizar a reforma agrária.
Após a ocupação das terras, os trabalhadores criavam Unidades Coletivas de Produção e também cooperativas com o objetivo de garantir salários e empregos. O resultado foi um aumento da produção agrícola e um estímulo à produção industrial de mercadorias necessárias à agricultura, como fertilizantes e instrumentos agrícolas.
Nos bairros pobres, o movimento revolucionário estimulou a luta por melhorias nas condições de habitação.
Os “bairros de lata”, como eram conhecidos os bairros pobres das grandes cidades, não reuniam condições ideais de habitação, o que levou os moradores, após o golpe de 25 de Abril de 1974, a ocuparem um grande número de habitações e reivindicarem melhorias nas condições de moradia.
As lutas pelo poder político de Estado mobilizaram vários partidos, sendo que inicialmente conseguiu maior força o Partido Comunista Português (PCP), com apoio de setores à esquerda do MFA, levando à nacionalização do sistema financeiro e de outras empresas, após 11 de março de 1975.
Esses três tipos de luta que marcaram o período constituído entre os meses de abril de 1974 e novembro de 1975 deram à Revolução dos Cravos um forte caráter popular e de participação direta dos trabalhadores nas tentativas de reorganização de suas vidas.
Entretanto, em 25 de Novembro de 1975, grupos conservadores do exército reagiram a uma tentativa de golpe da extrema esquerda e, com um contragolpe apoiado pelo Partido Socialista, conseguiram utilizar os aparelhos institucionais do Estado para conter as ações dos trabalhadores. Com isso, consolidaram o sistema de democracia representativa em vigor ainda no início do século XXI.